Um brasileiro, uma música e uma longa história
O moço do vídeo fazendo seu número modesto e assumido num canto perdido qualquer de São Paulo não tem ideia das origens “absurdamente humildes” da música “Sultans of Swing”, como escreveu o crítico musical Rob Hughes na revista Classic Rock.
Criada como primeira versão em 1977, resulta de uma parada do guitarrista Mark Knopfler num pub meio abandonando a meio caminho do sul de Londres. Chovia, o ar estava frio. Depois de parar o carro, Knopfler ouviu o som do jazz que vinha lá de dentro. Entrou, conheceu o lugar, topou com desconhecidos, ouviu histórias sobre os músicos e saiu de lá com uma música na cabeça. Na época, o pessoal do hoje famoso Dire Straits estava numa “pindaíba” danada, lutando para conseguir gravar um disco.
A música acabou ganhando projeção internacional somente em 1985. É ao mesmo tempo uma homenagem ao jazz e aos músicos desconhecidos que tocavam por amor ao que faziam. E se chamavam orgulhosamente de “Sultões do Swing”, swing significando um estilo de jazz, assim como “jazz crioulo”, todos nascidos nas primeiras três décadas dos anos 1900 a partir de New Orleans.
Na tradução que fiz, o “eu lírico” (o narrador) está em primeira pessoa, mesmo narrando acontecimentos do passado. É uma maneira de traduzir o sentido maior da música, sempre perdido nas traduções literais feitas no YouTube. Não deixa de ser sutilmente irônico o fato de uma música evocar o sultanato, regime imperial que remonta ao século 13, no seio da monarquia inglesa. A tradução está logo abaixo.
Sinto um arrepio na escuridão (depois de descer do carro)
Está chovendo na estrada a caminho do sul de Londres
Faço uma parada, esqueço tudo o que tenho pra fazer
Uma banda está mandando ver um “Dixie” num quatro tempos dobrado
(um estilo e um formato de arranjo)
Me sinto tão bem ouvindo essa música!
Entro no Pub e percebo que está quase vazio
Mas é melhor sair da chuva e ouvir o jazz rolando...
É mais um grupo tentando achar um rumo como em muitos lugares
Mas não há muitos trumpetes fazendo um som desses por aí
A meio caminho do sul de Londres,
A meio caminho do sul de Londres…
Dou uma olhada num tal de George, tocando guitarra…
O cara conhece todos os acordes…
Toca do jeito dele sem pretensão de fazer rir ou chorar
Uma velha guitarra é tudo que ele consegue pagar
E o que toca é o que ele tem para oferecer...
Na banda há um tal de Harry que não faz questão de causar boa impressão…
Dizem que ele tem um trabalho fixo durante o dia e faz tudo certinho
Ele tanto toca o “honky tonk” (um estilo musical baseado em vários tipos de música, como a polca) como qualquer outra coisa em lugares baratos
Mas sempre reserva as noites de sexta-feira para tocar
Com os “Sultões do Swing”
Então eu vejo uns caras mais jovens trocando gozações num canto lá fora
Vestidos com o melhor jeito moderninho de ser
Eles não dão um centavo pelo trumpetista tocando na banda
O que eles ouvem não é o que eles chamam de rock and roll
Enquanto isso, os “Sultões” já estão tocando “jazz creole” (uma variação do jazz-raíz nascido de influências africanas)
Então, um cara pega o microfone
Uma espécie de sineta toca
E ele diz: isso é tudo por hoje
É hora de ir pra casa…“Nós somos os sultões do swing”.
Criada como primeira versão em 1977, resulta de uma parada do guitarrista Mark Knopfler num pub meio abandonando a meio caminho do sul de Londres. Chovia, o ar estava frio. Depois de parar o carro, Knopfler ouviu o som do jazz que vinha lá de dentro. Entrou, conheceu o lugar, topou com desconhecidos, ouviu histórias sobre os músicos e saiu de lá com uma música na cabeça. Na época, o pessoal do hoje famoso Dire Straits estava numa “pindaíba” danada, lutando para conseguir gravar um disco.
A música acabou ganhando projeção internacional somente em 1985. É ao mesmo tempo uma homenagem ao jazz e aos músicos desconhecidos que tocavam por amor ao que faziam. E se chamavam orgulhosamente de “Sultões do Swing”, swing significando um estilo de jazz, assim como “jazz crioulo”, todos nascidos nas primeiras três décadas dos anos 1900 a partir de New Orleans.
Na tradução que fiz, o “eu lírico” (o narrador) está em primeira pessoa, mesmo narrando acontecimentos do passado. É uma maneira de traduzir o sentido maior da música, sempre perdido nas traduções literais feitas no YouTube. Não deixa de ser sutilmente irônico o fato de uma música evocar o sultanato, regime imperial que remonta ao século 13, no seio da monarquia inglesa. A tradução está logo abaixo.
“Sultões do Swing”
Sinto um arrepio na escuridão (depois de descer do carro)
Está chovendo na estrada a caminho do sul de Londres
Faço uma parada, esqueço tudo o que tenho pra fazer
Uma banda está mandando ver um “Dixie” num quatro tempos dobrado
(um estilo e um formato de arranjo)
Me sinto tão bem ouvindo essa música!
Entro no Pub e percebo que está quase vazio
Mas é melhor sair da chuva e ouvir o jazz rolando...
É mais um grupo tentando achar um rumo como em muitos lugares
Mas não há muitos trumpetes fazendo um som desses por aí
A meio caminho do sul de Londres,
A meio caminho do sul de Londres…
Dou uma olhada num tal de George, tocando guitarra…
O cara conhece todos os acordes…
Toca do jeito dele sem pretensão de fazer rir ou chorar
Uma velha guitarra é tudo que ele consegue pagar
E o que toca é o que ele tem para oferecer...
Na banda há um tal de Harry que não faz questão de causar boa impressão…
Dizem que ele tem um trabalho fixo durante o dia e faz tudo certinho
Ele tanto toca o “honky tonk” (um estilo musical baseado em vários tipos de música, como a polca) como qualquer outra coisa em lugares baratos
Mas sempre reserva as noites de sexta-feira para tocar
Com os “Sultões do Swing”
Então eu vejo uns caras mais jovens trocando gozações num canto lá fora
Vestidos com o melhor jeito moderninho de ser
Eles não dão um centavo pelo trumpetista tocando na banda
O que eles ouvem não é o que eles chamam de rock and roll
Enquanto isso, os “Sultões” já estão tocando “jazz creole” (uma variação do jazz-raíz nascido de influências africanas)
Então, um cara pega o microfone
Uma espécie de sineta toca
E ele diz: isso é tudo por hoje
É hora de ir pra casa…“Nós somos os sultões do swing”.
Tenho certeza que todos que viram esse vídeo (o do "cover") só enxergaram uma cena engraçada, divertida, curiosa.
ResponderExcluirPouquíssimas pessoas teriam talento para, a partir desse vídeo, escrever um texto tão cheio de informação e sensibilidade.
Tirar leite de pedra não é pra qualquer um, Lucas Echimenco. Parabéns!
Puxa! Muito obrigado. Sua sensibilidade também conta.
ExcluirLucas, você conseguiu extrair um suco delicioso do que me parecia já desidratado e esgotado. Mil parabéns e obrigada por matar minha sede.
ResponderExcluirObrigado, Lulu. O reconhecimento é parte da seiva.
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