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Os frutos da paixão

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Cena do filme "Os frutos da paixão", de 1981. É sempre bom lembrar que um filme sempre tem duas faces. A mais simples e a mais profunda. A primeira é a historinha que começa, se desenvolve e acaba. É também a mais superficial e mais fácil de ser percebida e recontada. Ensina quase nada e talvez deixe no espectador uma noção de cores, uma música bonitinha ou emocionante, um refrão ou uma mania qualquer inventada pelo ator para deixar o personagem mais interessante. E só. A segunda, a mais profunda, só existe nos filmes bons e ótimos. E deixa marcas fortes, noções desafiadoras, leva o espectador a pensar e reagir de modos diversos. De repente, esse espectador se dá conta de que uma mudança ocorreu em sua vida a partir do filme, como a busca por um jeito de pensar ou de agir, um silêncio onde andes havia um barulho ensurdecedor. Aquilo que o espectador é ficou diferente. Ele mesmo não percebe, mas os outros percebem e é isso que faz com que algo mude de fato. Por isso, todo film

Ianoblefe, o massacre dos ianomâmis, que nunca existiu

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Por Janer Cristaldo "O ano de 1993 ficará na história do jornalismo como o do maior blefe já registrado na imprensa nacional e internacional, o "massacre" dos ianomâmis que, mesmo sem ter ocorrido, provocou lesões irremediáveis na imagem do Brasil no exterior. A farsa teve duplo efeito. Em primeiro lugar, chamou a atenção internacional para uma chacina que simplesmente não aconteceu. Em segundo lugar, mesmo não tendo ocorrido, confirmava a existência de uma tribo que no Brasil não existe. Pois a nação ianomâmi, embora já pertença à "História do Brasil", em alguns manuais didáticos e irresponsáveis, não passa de uma criação ficcional de uma fotógrafa suíça, Cláudia Andujar, de nome tão pouco suíço, que nos anos 70 andou em Roraima fotografando, vacinando e rebatizando índios de diversas tribos distintas entre si, falando dialetos também distintos. As lesões à imagem do país atingiram ainda o público nacional: hoje, dificilmente algum brasileiro aceitaria a hipót

O inimigo público está fora de foco

Houve uma grande mudança de foco para ficar no mesmo conflito. Primeiro foi com com Sergio Moro. Agora, colocaram Bolsonaro no lugar de Sergio Moro. Não entendeu ainda? Então vamos lá. De veredores a senadores, a grande maioria temia Sergio Moro e a Lava Jato. E a absoluta maioria destes caras fazia isso em silêncio. Há até aqueles que postaram fotos ou mensagens próximas dele mas que tramavam contra ele nos bastidores. Agora, posam ao lado de Bolsonaro com a "faca" escondida e com as armações prontas para apenas usar a imagem dele nas próximas eleições. Já foi possível detectar rematados bandidos fazendo isso. O Congresso pediu a cabeça de Moro. Por vias tortas, conseguiu. Então Bolsonaro teve de aprender na marra a lição. O Congresso não é confiável e não dará suporte a qualquer ação que vise combater corrupção. Com a saída de Moro, a pressão agora é da mesma cor, da mesma intensidade e tem a mesma finalidade: manter o sistema político como grande balcão de negócios, cujos

Mutação de um vírus pode ser rastreada e até servir de prova contra criminosos

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No final da década de 1980, o órgão americano responsável pelo controle de doenças infecciosas investigou a ocorrência de aids em uma paciente. A jovem americana descobriu-se portadora apesar de afirmar não ter se exposto ao vírus. A investigação de sua infecção não mostrava a forma de contágio. A jovem não usara drogas injetáveis, não recebera sangue em transfusões, não fizera tatuagens, não realizara acupuntura e negava ter mantido relação sexual com parceiros suspeitos. Seus dois antigos namorados fizeram exame de aids. O resultado de ambos foi negativo. O mistério permanecia. A pista surgiu com a descoberta de que a jovem recebera tratamento dentário quase dois anos antes de descobrir sua infecção. Seu dentista da Flórida portava o vírus. Esse profissional poderia ter transmitido a doença? O tratamento foi habitual, o dentista não se cortou e nem perfurou sua pele com os instrumentos usados na paciente. Caso tenha havido a transmissão, foi de maneira despercebida. Uma pequena p

Muita gente ainda vai se decepcionar.

Um pouco porque ignora trâmites legais e acha que basta votar para ter um Deus na Presidência. Por outro lado é simples, a pessoa vota mas não entende como a política funciona. Isso que Bolsonaro fez com todos os oito ministros demitidos se chama "fritura" de ministro. Isso existe desde os tempos de Getúlio Vargas. A grande diferença é que todo presidente tem de saber como fritar um ministro. E conhecer o perfil de ministro é fundamental, pois cada um tem seu próprio nome a zelar. Quem leu sobre a história de Moro sabe bem como ele funciona. Lula tentou fazer o mesmo com Joaquim Barbosa, por ser negro. Acabou vendo como a vida real funciona. Foi Barbosa quem afundou de vez o PT no julgamento do mensalão. A fritura de Bolsonaro já começou. Neste momento, Rodrigo Maia e Alcolumbre fazem embaixadas para ver como salvar Bolsonaro do impeachment. E isso terá um custo. Maia, oficialmente, é oposição aberta a Bolsonaro, mas é um fisiologista de primeira hora. Vai querer tirar partid

Mulher se cura do coronavírus usando apenas Dipirona e Paracetamol

Uma interessante abordagem de Adis Diwan Nigri em seu perfil no Facebook. Ela perguntou se alguém havia se curado da doença causada pelo coronavírus. Entre as respostas que recebeu está a de Marco Simoni , que apresentou o relato de sua mulher que contraiu a doença e dela se curou. A seguir o relato em sua íntegra: Boa noite, abaixo relato da minha esposa, que teve COVID, para as suas amigas: "Ontem, domingo, tive alta, após 21 dias de isolamento (18 total + 3 “semiaberto”). Protocolo esse orientado pelo meu médico, para os sintomas “leves”. Agora , totalmente curada e imune, quero participar vocês que contraí a Covid-19, eu e meu grupo todo da viagem à Turquia, após o motorista que nos conduziu tempo integral durante 07 dias, ter testado positivo. Soubemos ao certo no dia que chegamos no Brasil, 03 semanas atrás, dia 22 - domingo! Todos fomos direto para o isolamento, cada um na sua casa. No início deu um certo medo, natural, porque sou do grupo de risco (coração e asma), mas ma

Os defeitos de João Doria

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O que ele é fala mais alto “O que você é fala tão alto que não é possível ouvir o que você diz”. Poucas frases da psicologia de aconselhamento expressam tão bem um comportamento público como o do governador de São Paulo, e já candidato à Presidência da República, João Doria. Os defeitos do homem João Doria começam aí mesmo, o que ele é fala muito alto, não importando o que ele diz. Dizem que o estilo Doria nasce da sede pelo poder. Ora bolas! Sede pelo poder é o que caracteriza os políticos desde o início dos tempos. Sede de poder alimentada, primeiro, pela sede de ficar rico. Sendo milionário e executivo e, acima disso, um apresentador de televisão, misto de Sílvio Santos com Amaury Ribeiro, o governador de São Paulo seria um campeão mundial em simpatia, tranquilidade, confiança e bem-estar. Quer um exemplo de político que despertava tudo isso mesmo sendo sério, chato e até meio autoritário? Mário Covas, o ex-governador de São Paulo. Entre muros, o “espanhol”, como er

Os erros de Bolsonaro

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Presidente deixou a comunicação na mão de amadores Uma das primeiras ações do hoje calado ministro Sérgio Moro foi chamar os governadores para conversar. O assunto era combate à corrupção. Nenhum deles poderá dizer que foi ignorado ou não foi consultado. O presidente Bolsonaro teve, bem diante dos seus olhos, um exemplo de como um “novato” começava bem uma missão política e sem se vender ou ficar na mãos da tigrada que governa os estados. Pior, na sequência de ações do ministro, o presidente aceitou uma encomenda parlamentar destinada a tirar a Segurança Pública das mãos de Moro. Os erros de Bolsonaro já o colocaram um pouco nas mãos do STF, depois mais um pouco nas mãos do Congresso e, agora, o estão levando a ficar nas mãos dos governadores. O diagnóstico pode ser bem doído mas é uma grande verdade: Bolsonaro comete erros amadores na comunicação, pessoal e institucional. Comunicação não é somente produzir notícias, não é só cobrar isenção das empresas jornalísticas, não é da

A fé dos humanos

A igreja católica descobriu a mística. Os evangélicos descobriram a catarse, o êxtase. Já o islamismo descobriu a catarse mística personalista. Tirem a mística, a catarse e devoção forçada e as religiões desaparecem. Descobriram no sentido de explorar sistematicamente. No êxtase, o sujeito é levado a transportar-se para fora de si mesmo, evasão que o leva a agir por sentimentos muito intensos de admiração, bem-estar alienado da realidade, entrega total. Há até aqueles que entregam carro, casa, apartamento (quando a embriaguês passa processam a igreja). Na mística, o importante é ocupação da mente com noções permanentes tiradas da prática religiosa, ocupação que tranborda para o misticismo. O místico pelo místico, exista deus ou não. Uma igreja católica é a configuração simbólica de espaços vazios. Umberto Eco gastou 10 páginas para mostrar como uma única capela de uma única abadia é a materialização da manipulação religiosa por efeitos pictóricos. Já os islâmicos praticam um fundamen

O impeachment de Jair Bolsonaro

Três siglas governam a vida de qualquer presidente da República no Brasil: PPA, LDO e LOA. Muita gente pensa que isso é assunto chato que somente técnico em contabilidade deve entender. E liga o “foda-se”. Dessa forma deixam de saber que Bolsonaro pode ser vítima de um veneno já usado para produzir o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. No caso da ex-presidente, as razões eram outras mas se alguém ler o documento escrito por membros do próprio PT verá que a causa maior passa pelas três siglas aí de cima: PPA, LDO e LOA. O remédio do impeachment de Bolsonaro está sendo pensado para matar o paciente em vez de salvá-lo. Contam para isso com a enorme ignorância dos brasileiros que evitam LOA e adoram BBB. Pode não ser o pior caminho. A outra opção é Bolsonaro tratar de governar quietinho, aceitando tudo. Será como  receber um carro zero quilômetro com a obrigação de acelerar fundo mas com o freio de mão puxado. Dessa forma, nem governa nem se reelege. Simples como um pato na la